Um anjo a salvou
 estendeu-lhe a mão
 quando estava mergulhada
 afogando-se em sua inexistência
 um anjo sério de cachos desalinhados
 e olhar de cachorro carente
 um anjo pornográfico
 expulso do céu
 por gostar de frequentar restaurantes alheios
 estendeu-lhe a mão
 e deu-lhe todo o resto
 salvou-a de uma inexistência complexa
 completamente insossa
 sem palmadas nas nádegas
 desafiou-a a suportar
 o desafio de se auto-des-cobrir
 deixou que andasse nua pela rua
 engolisse a vergonha apenas com saliva
 embriagou-a de êxtase
 e foi embora
 um anjo pornográfico a transformou  
 e hoje ela sorri pelas ruas.
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