domingo, 28 de agosto de 2011

Lógica

Penso, logo
Existo. Sou ex-isto
logo, penso.

Há um mundo em meus botões


Há um mundo em meus botões
enquanto penso ensimesmada
no universo indescritível
do que não sei

Um mundo ainda em branco.
Todo um universo a ser preenchido
por cores, texturas, sabores,
odores e sentimentos.

E como um mundo cabe em meus botões?
Apenas o condenso dentro
do minúsculo furo por onde um dia
dançou uma agulha.

Ela trazia consigo o conhecimento
necessário para prender o meu mundo
e agora ali jaz
um mundo preso a um casaco
largado em um canto qualquer.

Homemosca


Andava pela cidade
perdido entre carros e edifícios,
tal qual mosca perdida em vitrine de padaria.
Sentia-se estranhamente transtornado.
As pessoas o desolhavam
e assim, transtornadamente invisível,
percebeu-se mosca a rondar o mundo.

sábado, 20 de agosto de 2011

A uma lutadora


               ou inspirações katianianas

Sua força impressiona.
Impressiona sua alegria,
sua capacidade de não desistir.
Motiva-nos a não desistirmos jamais!

Onde esconde tanta força,
tanto amor à vida,
em um corpo tão frágil?
Deixa-os em teus caracóis?

Essa capacidade de amar,
de doar-se aos outros,
esperando tão pouco a si
onde a encontra?

Ensinas tanto,
sem que para isso peças nada.
Tua existência é uma tese completa.

Nascestes para iluminar aos que de ti,
mesmo que timidamente,
se aproximam.

                            Homenagem a Kátia Teixeira, 
deixastes saudades e muitos ensinamentos.

domingo, 7 de agosto de 2011

manIPÊsto

maniIPÊsto

Nasces do cinza e aprofunda
tuas raízes no concreto. Disputas espaço
com os troncos de fios e o picho do asfalto.
Suportas calado as dores impostas lutando
desesperadamente pela sobrevivência.
Em um manifesto silencioso, quando
o frio cede espaço ao sol,
como um grito agudo
arriscas
e munido
de ousadia
colore a
cidade
de roxo,
amarelo
ou branco.
E a quem o ignora sopra ao vento suas flores, formando tapetes floridos onde antes existiam calçadas exigindo respeito e tomando o espaço.








segunda-feira, 1 de agosto de 2011

É manhã, a vida me chama.

Amanheço em teus braços
e me aquieto, lentamente
permito que a tua presença
seja a consciência
de que estou viva.
A vida chama lá fora.
Desejo apenas ignorá-la.
Carrego ao partir um profundo vazio
e um desejo enorme de permanecer.
Invejo a índia que trazes
impregnada em tua pele.
Por momentos gostaria de ali estar.
Tatuada em ti.
Marcada para sempre
em tua pele,
em teu peito,
em tua alma.