terça-feira, 17 de julho de 2012

Palavras despudoradas


                                            Pequena homenagem ao poeta Edgar Izarelli

Palavras despudoradas
abandonam ao poeta sem ao menos dizer adeus.
Correm pelos corredores de sua mente
sem permitir que as agarre.
Escondem-se, cansadas que estão
do uso e desuso que as escraviza.
Passam a ser letras perdidas
nas folhas em branco.

O poeta em desespero revira os dicionários,
as enciclopédias e até os receituários.
Corre pela cidade a procurá-las.
Até o psicólogo intervém.
Mas as palavras resistem
e o poeta abandonado afinal desiste.

E no silêncio de si mesmo
encontra uma palavra perdida.
Uma segunda acena ao longe.
E aos poucos, cheias de inspiração,
elas voltam ao papel
e o poeta recria seu mundo.

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